Entre os principais motivadores para continuar a praticar a educação consciente estão os resultados. À medida que você acompanha a evolução do seu filho e percebe suas orientações sendo praticadas de maneira natural por ele, você se sente empoderada como mãe. É a recompensa pelo esforço da autoeducação. É o reconhecimento, é “tirar a prova” de que sua escolha consciente faz diferença não apenas na vida do seu filho, mas do mundo que será presenteado com um cidadão singular.

Há poucos dias, minha família viveu a experiência de um luto doloroso. Estávamos todos emotivos e sensibilizados. Distribuímos as crianças entre a família para poupá-las da experiência de participar de um funeral. Nós recebemos na nossa casa uma priminha muito querida, Tuane, de 4 anos, que já estava sentindo falta da mãe. Ela começou a chorar e, antes mesmo que eu começasse a consolá-la, minha filha Carolina disse a ela: “Use palavras. O que você está sentindo?”. Esse é um recurso da Disciplina Positiva que eu uso costumeiramente com a Carolina e, na primeira oportunidade, aos 3 anos de idade, ela reproduziu assim que percebeu a necessidade. 

Essa não foi a primeira vez que eu puder ver os resultados da educação consciente de forma escancarada. Numa outra ocasião, minha filha, ao ver sua amiguinha Fernanda caída no chão e chorando em uma noite de Natal, correu para buscar água para ajudá-la a se acalmar. Ela era ainda tão pequenininha, tinha acabado de fazer 2 anos. A água é um recurso que eu uso muito também, com o objetivo de ajudar a controlar a respiração e consequentemente desacelerar o batimento cardíaco e promover a regulação emocional. Ver minha filha oferecer água para a amiga se acalmar, ou mesmo pedir água para ela mesma se acalmar como já aconteceu algumas vezes, me faz acreditar que estamos no caminho certo para ajudá-la a  alcançar a inteligência emocional que a muitos de nós foi negada.

Pedir à criança para descrever seus sentimentos é uma maneira de ajudá-la a lidar com eles. Nomear também é muito importante e, ao perguntar: “Use palavras, o que você está sentindo?”, você abre espaço para uma excelente oportunidade de ajudar a nomeá-los. Outra coisa importante é validar esse sentimento, ainda que seja raiva e medo, que por muitas vezes buscamos negar em nós e neles também. Todos os sentimentos são válidos e não dá para DES sentir. Isso não quer dizer que, se uma criança estiver batendo no irmão, nós apoiaremos o comportamento, mas podemos validar o sentimento. “Pare de bater no seu irmão! Percebi que você está com muita raiva e bater no seu irmão não é uma opção. Você pode colocar a raiva para fora batendo no seu travesseiro”. Isso é validar emoção, isso é nomear emoção. Isso não é ser permissivo.

 É, na verdade, uma forma de mostrar para a criança que sim, ela pode sentir. 

Nossa geração foi punida por sentir. Foi constrangida e castigada por isso e ainda é difícil pra nós sair desse lugar de autopunição, o que favorece mais ainda manter nossas crianças lá. 

Não desista da educação consciente. Tenha paciência para esperar os resultados e acredite: eles virão.

Imagem: www.freepik.com/free-photos-vectors/encourage

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